quarta-feira, 24 de junho de 2009

Coluna Extra: Paradas e Violência!



Prezados,

Eu publiquei recentemente um texto no Grupo do Yahoo "e-Jovens: Adolescentes e Jovens LGBT" e resolvi também publicá-lo aqui como uma introdução ao tema central da "Coluna Coisas da Vida" deste mês. Aguardo as opiniões de vocês. Assistam ainda ao vídeo do Youtube mostrando as cenas reais do espancamento do Marcelo na última Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. Segue-se abaixo então o texto na integra e logo depois o video.



Meu nome é Fláwyo, tenho 25 anos e este é meu primeiro contato com o Grupo. Escrevo-vos de Rio Verde-GO e atualmente sou estudante.
Li os últimos post do Grupo que chegaram até o meu e-mail e fiquei pensando sobre os comentários feitos a respeito da Parada de São Paulo e o caso do espancamento de Marcelo.
Sabemos que este é mais um dos tantos casos de violência que atingem a população GLBTT.

Há pouco menos que 2 meses atrás pensei em organizar uma "Parada" em Rio Verde-GO.
Na ocasião houve muita resistência por parte dos meus amigos heteros e homos.
Uma amiga hetero chegou a me dizer: "Você é meu amiguinho querido... Não quero que você se machuque com isso..."
Um amigo gay: "Porque você quer mecher com isso... Eu já fui e acho um circo... Uma palhaçada tudo isso..."
Um casal de amigas lésbicas: "Você só pode estar doido... O que vai dar de beesha depenada na avenida..."
Uma travesti amiga: "Ah não, já levo na cara demais... Não preciso de mais borrachada não..."

Confesso que as opiniões embora todas contrárias não me deixaram tão preocupado como uma reflexão que fui fazendo ao longo das diversas conversas que tive com Presidentes de ONGS e demais Coordenadores de Projetos Sociais da cidade. Muitos me disseram: "Isso irá gerar morte na cidade... Você está pronto para ver isso acontecer"?

Mas meu interesse com tantas conversas era analisar o grupo com qual eu iria lidar, embora, eu não tenha encontrado dentre os meus aqueles que não tremessem diante da palavra PARADA. Outra amiga hetero chegou a perder o controle comigo quando disse estar pensando sobre organizar uma Parada.

Interessante que quando eu mencionava a essas pessoas as idéias que tinha sobre a "Parada" boa parte delas me disseram não concordar com o que viam na TV, ou com o que tinham visto durante suas participações em Paradas. Isso, porque as idéias que tive diferiam do formato concebido atualmente nas "Paradas" (aliás, nem de Parada eu chamei, por isso, as aspas). Todavia, como disse, a um amigo, não afirmo que minhas idéias sejam melhores ou que iriam produzir resultados melhores, porque não sei, não as testei. Apenas penso diferente e me comporto coerentemente com isso.

O fato é que analisando os atuais formatos em que as Paradas estão organizadas, acredito que elas favoreçam violências como as que ocorreram com o Marcelo e tanto outros. E isso pouco envolve questões sócio-econômicas.

A Parada deveria ser um momento de SENSIBILIZAÇÃO da comunidade em geral (aliás, este deveria ser o principal objetivo). Ela deveria dar conta de mostrar a população (sem distinção de gênero sexual) que somos humanos. Que não somos coisas ou objetos do acaso cultural. Enfim, ela deveria ser cativante suficientemente para comover a população em geral e fazê-la aliar-se a causa da diversidade sexual que não se resume aos GLBT.

Gritar para as pessoas que existimos pouco irá resolver a questão da homofobia. Acusar fulana e beltrano de serem preconceituosos etc e tal também. Isso não instrumentaliza a população e nem a motiva em torno da mudança comportamental. Ao contrário, assusta e gera mais violência. Vejam que não estou dizendo que tais ações são inúteis, estou apontando que elas são coercitivas do ponto de vista social.

Infelizmente, percebo a revolta justificada na população GLBTT. Estudos sociológicos e psicológicos apontam para as conseqüências nefastas da marginalização social. Porém, a população GLBTT também deve ser sensibilizada e motivada a respeitar e aceitar os limites do outro. Vejam que não menciono que com isso devamos ser passivos.

Em suma, o que quero lhes dizer é que a população como um todo deve ser levada ao encontro com a diversidade, sem que se façam tantas menções aos gêneros sexuais, afinal, somos todos humanos (e este deve ser o foco principal), e a sexualidade é apenas uma pequena variável de tudo isso.

Em suma, penso que o Movimento das Paradas já fizeram muito sim (seria hipocrisia de minha parte dizer o contrário), entretanto, podem e devem avançar mais. Porém, é claro, isso será um processo longo e extenso que não irá se resumir em dias pontuais ou em programações semanais.

Bom, acredito que me estendi demais. E deixo a palavra com vocês.
Abraços a todos... É um prazer estar no grupo.



Para assistir no Youtube click aqui

domingo, 21 de junho de 2009

Diário de um Pensador: “Amigos...Sempre”!



Prezados amigos, esta semana que se passou eu refleti muito sobre a amizade, tive experiências belíssimas com os meus amigos de faculdade e neste post irei comentar um pouco do que pensei. Afinal, eu já havia me esquecido do quanto é bom estar entre os amigos, em face da crescente quantidade de tarefas que tenho a fazer.

Eu já estava ficando deprimido e exausto. Parecia que minha luta já não compensava mais. Eu estava me isolando demais por causa dos meus objetivos ligados ao vestibular, e, por isso, entendi perfeitamente quando Vinicius de Moraes diz num de seus poemas que se todos os seus amigos sumissem ele haveria de ficar louco.

Engraçado que durante muito tempo eu realmente acreditei que não precisava de amigos em minha vida, talvez nesse tempo eu era o louco que Vinicius colocou. Neste tempo eu não tomei ciência da minha solidão e nem tão pouco via importância nisso. Então, nesta semana fiquei me lembrando do tempo em que estudava exaustivamente para simplesmente fugir das minhas dores.

Confesso que foi um tempo produtivo no plano acadêmico como nenhum outro tempo (especialmente nos três primeiros anos da graduação), eu me deitei sobre diversos campos das ciências humanas e sociais e avancei muito no curso de psicologia. Todavia, isso me roubou muito tempo de convivência com todos a minha volta. Eu era o que uma amiga certa vez me emocionou dizendo, uma verdadeira fortaleza, onde poucos podiam entrar.

Tudo isso, é claro, era resultado da enorme quantidade de agressões que eu havia sofrido durante os anos escolares. Eu me fechei para me proteger. Não queria que ninguém me machucasse mais. No entanto, ao me fechar eu perdi também a oportunidade de me relacionar com as pessoas agradáveis e amáveis que por ventura estivessem a minha volta, as quais, inclusive poderiam me ajudar a reaver a necessidade de demasiada defesa.

Nos encontros que tive com os meus amigos está semana, tudo isso me passou como um flash instantâneo e dia pós dia fui me lembrando do quanto o Flávio se abriu durante a graduação. E isso só foi possível porque me encontrava em um terreno onde as pessoas me permitiram e me ajudaram nisso.

Os anos psicoterapia contribuíram muito nesta mudança e é claro o meu esforço crescente em compreender as ciências humanas e sociais. Mais nada me mudou tanto quanto os meus amigos, e, é claro, não apenas os meus amigos da faculdade, mas todos os que compõem o meu círculo de amizades.

Hoje percebo que cada pessoa possui uma habilidade diferente e ímpar, com a qual podemos aprender um pouco, e, desta forma, melhorarmos enquanto seres humanos. Logo a máxima tende a ser verdadeira, quanto mais amigos possuímos maior é probabilidade de sermos pessoas mais sociáveis e possivelmente experimentarmos o sentimento de contentamento através do pertencimento. Evidentemente, que esta máxima é relativa porque depende da medida em que a pessoa reflete e crítica sua experiência diária.

Muitos poderiam me perguntar agora: Ah! Flávio esses amigos que você está mencionando são os que chamamos de verdadeiros e sinceros, não é? Então poderia lhes responder que não necessariamente, todas as pessoas que passam por nossa vida produzem mudanças significativas em nós. Afinal, como diria alguns existencialistas, ninguém sai ileso de uma relação.

Portanto, o que quero sinalizar a vocês é que por mais que tenhamos critérios quanto aos nossos amigos, dentre eles a sinceridade (mais precisamente a autenticidade), seríamos felizes em considerar a todos como amigos, pois, nós somos o resultado do desejo do outro, como dizia Lacan. Ou seja, neste mundo o Tu é tão necessário e vital quanto o Eu, como dizia Buber, porém, infelizmente poucos se certificaram disso. E infelizmente muitos são os que vivem acusando o mundo de seus infortúnios.

Poucos conseguiram sublimar a experiência considerada negativa e aproveitar o seu verdadeiro cerne, o conhecimento diário. Isso só é possível quando reconhecemos que a vida diádica é erguida em cima do sofrimento, pelo menos por enquanto. Bom seria é claro, que pudéssemos atingir outro status quo sem a necessidade demasiada do sofrimento. Outrossim, nenhuma crença irrestrita em regras de sobrevivência irá sobrepor o sabor de ser viver uma experiência.

Queridos, por hoje é só. Adoraria agora saber de vocês o como pensam sobre suas amizades e o quanto acreditam que elas contribuíram para formá-los enquanto seres humanos.

Abraços a todos vocês e linda semana...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Diário de um Pensador: A rotina nossa de cada dia!



Olá amigos,

Peço desculpas pelo exímio atraso desta coluna, mas, meu tempo está cada vez mais comprometido. É muita coisa para estudar e freqüentemente não estou conseguindo me desdobrar para vir até aqui, ou, por exemplo, atender ao orkut e e-mail etc. Mas, vamos que vamos...

Quero começar essa coluna falando um pouco sobre a rotina diária nossa de cada dia. Já repararam o quanto é difícil mantermos uma rotina. Parece que o nosso corpo já possui uma rotina própria e nós já nos habituamos a tal ponto que a probabilidade de fracassarmos numa "simples" dieta, por exemplo, é alta. Isso sem falar nos planos infindáveis de estudar para subirmos de cargo, sermos aprovados em concursos públicos ou em exames vestibulares.

Ao longo da minha faculdade eu questionei muitos dos meus comportamentos, os quais, eu os exibia ao longo do Ensino Médio e do Ensino Fundamental. Vejam bem amigos, estou lhes falando dos meus comportamentos acadêmicos. Minha vida era memorizar, e, aliás, eu me dava muito bem com isso. Sempre tive o que povo chama de memória fotográfica. Então, na escola em disciplinas que eu pouco me sentia atraído - área de exatas precisamente - eu usava a tal da memória fotográfica e nas outras - humanas e biológicas - eu me esforçava por entendê-las.

Além delas, tinha a tal da filosofia que eu já estudava desde os 10 anos por conta própria. Sempre achei um máximo pensar sobre a existência humana, aliás, meu nome deveria ser pensador (risos), porque eu vivo disso. Está certo que hora e outra eu me perco, mas, tudo bem, porque quem pensa viaja e nem sempre estamos preparados para encontrar o que vemos nessa viagem.

Mais voltando, quando eu entrei na faculdade, eu fui cada vez menos requisitado a utilizar a memorização como recurso de aprendizagem, eu era freqüentemente solicitado a compreender e a pensar sobre determinado conteúdo. No máximo, eu memorizava nomes de autores e datas durante a graduação, nada mais. Porém, agora estou tendo que reverter o meu comportamento acadêmico. Parece que a norma dos concursos e dos vestibulares é a memorização e constantemente eu sou incitado a fazê-la.

Fico decepcionado porque em um país com enorme potencial científico como o Brasil, ainda é necessário que os alunos aprendam por meio das famosas "decorebas". Sinceramente, eu acho isso ridículo. Acredito que a memorização é parte do processo de aprendizagem e neste quesito estou tentando reavê-la, depois de certo tempo sem usá-la tanto. Entretanto, a memorização não permite ao aluno o conhecimento suficiente para conduzi-lo à aplicação do conteúdo apresentado em sala de aula. Ou seja, eu vejo que há duas pontas de um mesmo processo sendo que não se anulam ou podem ser dispensáveis.

Eu espero que com tantos alardes do Ministério da Educação, de reformas e mais reformas, o Brasil mude os rumos do aprendizado no meio nacional e comece a valorizar e a incitar o poder crítico de seus cidadãos. Realmente precisamos de professores mais criativos e de que o aluno não seja confundido com um mero autômato colocado num banco de escola.

Aliás, era assim que eu me sentia quando estudei num dos mais famosos colégios privados de Goiânia-GO. Para quem tem plena ciência de tudo o que coloquei acima, trata-se de um show de horrores ver constantemente professores incapazes de serem criativos acusarem os alunos de serem incompetentes no aprendizado, quando na verdade a maior incompetência é deles. É claro que tinha umas exceções lá, mesmo que raras (risos).

Então, sinceramente eu fico chateado por hoje ser cobrado a respeito disso. Pior ainda é que eu tinha uma rotina de estudos muito acentuada, tanto na graduação quanto na escola. Todavia, isso era um dos meus mecanismos para fugir dos meus problemas pessoais, que na época me faziam sofrer demais. Como hoje boa parte deles foram superados, graças ao meu esforço e a dedicação da minha família e de alguns amigos, eu não vejo mais necessidade de ficar maçando o dia todo em cima do livro.

No entanto, hora ou outra alguém também me cobra isso (risos). Parece que a coisa já é cultural. Isto é, as pessoas acreditam não apenas no modelo da educação mnemônica, mais também acreditam que ela deva ser massiva. Enfim, a cultura realmente pensa que é só através do sofrimento que o homem pode reaver sua dignidade. Fico extasiado com isso, porque as ideologias do capitalismo podem aniquilar todo potencial criativo de uma sociedade, como dizia Marx. Bons tempos serão aqueles em que as crianças tiverem o desejo e o prazer de ir e estarem na escola, como afirmou Skinner.

Bom, meus queridos. Eu fico por aqui, e, portanto, encerro o primeiro post desta coluna. Gostaria de saber a opinião de vocês a respeito de tudo o que coloquei. Fiquem a vontade, ok...

A propósito, como este é mês do Orgulho Gay o texto de junho da Coluna "Coisas da Vida" versará sobre as Paradas... Fiquem atentos...

Abraços para vocês e ótimo feriado...

P.S.: Agradeço o carinho dos amigos Dinho e Xandy... E é claro, tentarei ser mais freqüente aqui... Abraços especiais para os dois!!!